Diário de Cuiabá
BARRA DO BUGRES
Escola tem chão batido e teto de palha
06/10/2012
Unidade fica em uma comunidade quilombola e novas instalações começaram a
ser construídas, mas obras foram suspensas
Uma escola começou a ser construída em 2010 em uma comunidade Quilombola, a
64 km do município de Barra do Bugres (169 Km de Cuiabá). Com o objetivo de
atender cerda de 200 alunos, a nova unidade da Escola Estadual José Mariano
Bento deveria fornecer um espaço adequado para os estudantes assistirem às
aulas. No entanto, a empresa responsável abandonou a construção, que ficou
parada por mais de 60 dias.
Atualmente, os alunos dividem um barracão de madeira, com telhado de palha,
sem paredes, para ter aulas. Como o espaço é aberto e não tem divisórias,
até três turmas de séries diferentes estudam com a mesma professora. “Alunos
da primeira, segunda e terceira série se juntam no mesmo canto e a
professora ensina, simultaneamente, as três turmas. Muitas vezes o conteúdo
que os estudantes estão aprendendo é diferente. Não é fácil a vida de
professor lá, que tem que se dividir em três”, disse a secretária-geral do
Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep),
subsede Barra do Bugres, Neusa França.
Neusa também explicou que a escola está funcionando deste jeito há cinco
anos. A sala dos professores, secretarias, cozinha e banheiros funcionam em
outro espaço de madeira, com paredes e telha. No entanto, este segundo
“prédio” fica há 150 metros do local, onde as aulas são ministradas.
Quanto às refeições, os alunos fazem uma fila na janela da cozinha e depois
de servidos, comem sentados no chão ou no degrau da escola improvisada, ou
até mesmo em pé. “Lá é como se fosse uma aldeia indígena. As famílias moram
perto do espaço onde as crianças têm aula”, esclareceu Neusa.
O maior problema, além da falta de espaço para acomodar apropriadamente os
alunos, é quando chove. Neusa conta que, por não ter paredes, fica tudo
alagados, estragando os cadernos e demais materiais dos estudantes. “Já é
difícil de um aluno se concentrar em um dia normal, pelo fato de o professor
ter que competir para manter as crianças concentradas. Quando chove, então,
fica impossível”, explicou a secretária-geral.
A obra da nova unidade escolar começou a ser construída no dia 10 de
setembro de 2010. Orçada em R$ 1.115.259,22, o prazo para a conclusão e
entrega da escola era de exatamente um ano.
Segundo a assessoria da Secretaria de Estado de Educação, a obra foi
retomada no dia 17 de setembro e deve ser concluída até, no máximo, 7 de
fevereiro de 2013.
A explicação para o atraso de 13 meses na entrega da unidade escolar foi o
fato de a empresa responsável pela construção, a Raízes Construtora,
comércio e serviços, ter abandonada a obra.
A assessoria ainda explicou que a construção ficou parada por 60 dias devido
à lentidão dos processos burocráticos, mas que já havia feito um termo de
acordo com a empresa.
Caso a construtora não entregue a obra na data determinada, deverá pagar uma
multa equivalente a 10% do valor total da obra, cerca de R$ 11.152.
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