Circuito Mato Grosso
Análise: Brasil discute salário e se esquece da formação do professor
terça, 09 outubro 2012 08:20
Parece óbvio aos brasileiros que tenhamos que aumentar a qualidade (e a
equidade) da educação que oferecemos no país. Para isso, temos que começar
respondendo a duas perguntas: quais são os componentes da excelência e da
equidade educacional e quanto eles custam em seu conjunto no contexto
brasileiro.
Poderíamos queimar etapas para responder à primeira pergunta se
resolvêssemos ler e incorporar os achados das pesquisas internacionais que
esmiúçam há décadas os sistemas competentes de ensino (excelentes e
equitativos) e que já mapearam o que permite aos sistemas escolares
ensinarem conteúdos, valores e comportamentos à maior parte de seus alunos,
mesmo que eles tenham origens familiares muito diferentes.
Mas resolvemos queimar etapas na segunda pergunta, já respondendo que temos
que gastar 10% da produção interna de riqueza com educação, que ela vem do
pré-sal e que os professores devem ter aumentos de salário indexados à
arrecadação de impostos, mesmo que não tenhamos a menor ideia de como todos
estes gastos vão fazer com que nossos alunos aprendam mais e de forma mais
justa.
Educação de qualidade, a partir de um contingente professoral de alto nível
está para o desenvolvimento social e cidadão do país como o consumo e os
valores da classe média estão para a estabilidade econômica e democrática.
Da mesma maneira que podemos nos intoxicar quando a classe média resolve
gastar mais do que ganha, podemos nos envenenar se pagarmos muito a
professores que sabem pouco sobre como dar uma boa aula. É a formação dos
profissionais da educação que vem antes do salário, e não o contrário.
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